E as comilancas nao acabaram ainda... A propósito, para felicidade da minha nutricionista (e minha!), emagreci 1,9 kg mês passado. Entao, nem tudo está perdido (e dá-lhe caminhada) :o)
Ok, voltando para as Ardennes. De tardezinha, totalmente em relax mode, fomos em direcao a Pepinster onde se localizava o segundo restaurante da nossa viagem. Eu aaaaamei a sonoridade do nome da cidade, e namorido nao aguentava mais o meu Pepinster pra cá, Pepinster pra lá :o) A cidadezinha em si nao é nenhuma atracao. O que eu mais gostei foi uma tecelagem enorme abandonada, que provavelmente é recheada de histórias e fantasmas!
Como chegamos cedo demais em Pepinster (o restaurante fica na grande Pepinster (hehehe), mais precisamente em Goffontaine), aproveitamos para dar um pulinho em Soiron, considerada uma das 24 mais bonitas 'villaaaaages' (com sotaque francês, hahaha) da Wallonia (= parte francofônica da Bélgica).
Soiron em si é minúscula (muuuuito minúscula), mas as paisagens ao redor sao sim muito bonitas! Aproveitamos para sentar num barzinho e ver o movimento da cidadezinha passar...
Uma kriek (cerveja misturada com suco de cereja) para refrescar :o)
De Soiron, demos mais uma volta pelos arredores para explorar. Como já disse Victor Hugo sobre a regiao, "La vallée de la Vesdre, par un beau jour, sous un ciel bleu, est parfois un ravin, souvent un jardin, toujours un paradis". Na minha traducao livre (até porque ravin é barranco, nao? Mas eu decidi mudar para vale, porque barranco arrasa com qualquer veia poética, hahaha): "O vale de Vesdre, em um belo dia, de céu azul, é às vezes um vale, às vezes um jardim, mas sempre um paraíso" (Victor Hugo)
A propósito, o
Vesdre é o rio que passa pela regiao. Foi muito utilizado entre os séculos 15 e 19 pelas indústrias de tecelagem (como a indústria abandonada em Pepinster). A água do rio Vesdre é pobre em minerais e, portanto, perfeita para a lavagem dos tecidos.
Aliás, conversando com namorido, ele me disse que a Catalunha também era grande fabricante de tecidos. Mas com mais e mais indústrias fabricando tecidos na África (por exemplo, Marrocos) e China, muitas indústrias européias acabaram tendo que fechar as portas. Como eu disse, a fábrica (enorme!) abandonada em Pepinster deve ter muitos fantasmas e histórias para contar...
Como dica, fica a linha de trem 37, que conforme uma rápida pesquisa na internet, dá uma vista privilegiada da paisagem, do fundo do vale, do Vesdre. Mas esse passeio fica para uma próxima :o)
Quanto as fotos da regiao, vou ficar devendo... Como o tempo nao estava bom, fotografamos mais é a comida, hahaha. Mas um passeio por essa regiao vai ter repeteco, e de preferência num dia com céu beeeem azul :o)
Aliás, outra dica: para planejar os passeios pela regiao, eu usei o guia Escapades 2009, fornecido de graca pelo departamento de turismo da Wallonia. É só entrar no site www.wallonia-tourism.be e pedir. Ajudou bastante, principalmente no passeio que fizemos no domingo (o Castelo de Jehay) onde tivemos tempo bom e namorido tirou vaaarias fotos. Mas isso eu conto amanha :o)
Hostellerie Lafarque...
... e o jardim.
Um brinde (Kir Royal) nos jardins da Hostelleire
E o amuse-bouche também foi no jardim: gazpacho de algo (tinha um gostinho de melancia também, mas posso estar redondamente enganada), tempura de flor de abobrinha (essa flor de abobrinha tá famosa! Pra quem tem horta, use e abuse dela na mesa!), salmao com um ovinho de alguma ave (resolvi nao perguntar muito, porque se é muito estranho eu nao como, fico com pena do bichinho!) e uma espécie de patê com foie gras (mea culpa, mas eu nao pedi, veio de brinde!)
Várias mesas dao para o jardim da hostelleire, o que no verao é uma delícia!
E para mostrar que a cozinha belga também arrebenta, aí vai:
# Entrada: Tartare de tourteau aux légumes croquants et asperges thai et Royal Gold [tartare (ou carne crua desfiada ou moída - acho!) de caranguejo (ou siri? Ou será que tourteau é outro crustáceo?) com legumes e aspargos thai, e ovas de peixe Royal Gold].
Antes de escolher esse prato, eu perguntei o que era
tourteau porque nao fazia a mínima idéia. Mas é uma espécia de caranguejo, entao encarei sem medo :o) Adorei as pequenas trilhas feita de vinagre balsâmico (acho!)
Namorido foi de carpaccio de atum (e o resto dos outros frufrus eu nao anotei, hehehe).
# Meu prato principal: Goujonnettes de sole pochées dans une nage de palourdes aux arômes de vanille, pois mange-tout à la coriandre et patata douce. Goujonnettes eu aprendi que sao pedacinhos. Entao o ingrediente principal eram pedacinhos do peixe sole. Agora palourdes eu nao sei o que é. Se alguém souber, é só me dizer :o) (agora, se for muito esquisito, nao diz nao). O meu palpite é que eram os moluscos nas conchinhas. O molho estava maravilhoso, tinha gostinho de baunilha mas bem suave.
E nao pude deixar de fotografar a panelinha com o purê de ervilhas: era bem pequeninha, super graciosa :o)
Entre o prato principal e a sobremesa, ganhamos uma espécie de amuse-bouche versao doce (nunca vi isso antes, mas, claro, adorei a idéia, hehehe): eram pequenos docinhos para preparar o paladar para a chegada da sobremesa. Nao precisa dizer duas vezes! O nome de tudo eu nao sei. Mas o melhor foi o praline embrulhada no celofane, com gostinho de pistache. Nhac, nhac, e nhac de novo :o)
Agora, o momento da verdade: sente a quantidade de colheres para a minha sobremesa!!! Quase caí de costas! E, nao, eu NAO sei que colher serve para comer o que. Entao, na dúvida, usei todas em todos os pratos, hahaha :o)
# Meu pecado, que vai me render muuuuitas caminhadas: Déclinaison autour du chocolat Valhrona servie en 5 assiettes. Eu nao tinha idéia (confesso!) que chocolate era o Valhrona. Mas, conforme o garcom, Valhrona é um chocolate de fabricacao francesa muito apreciado pelos chefs na cozinha. Agora, convenhamos: chocolate francês na Bélgica? Achei estranho, mas quem sou eu para pôr defeito em chocolate :o)
E minha sobremesa veio assim: tres coluninhas de um sorvete bem macio, um copinho com fundo de damasco e mousse de chocolate branco em cima, e um rolinho com creme de chocolate. E eu pensei com meus botoes: por que preciso cinco colheres para comer três pratos de sobremesa diferente?
E aí veio a resposta: porque a sobremesa ainda nao tinha acabado, hahaha. Depois de eu limpar os três pratos (com muita ajuda de namorido, que calorias compartilhadas sao calorias pela metade, hehehe), veio mais um petit gateau (com um molho de limao que tirou o mega doce sabor do prato, e foi de arrasar! De comer de joelhos!) e mais uma espécie de mousse de chocolate amargo (que namorido comeu quase toda sozinho). E, nao, a foto nao faz jus ao sabor!
A sobremesa foi, definitivamente, inesquecível (até porque eu vou me lembrar dela em todas as caminhadas que serao feitas para gastar a dita cuja no futuro, hehehe).
Depois de toda essa comilanca, tomamos um cafezinho numa espécie de sala de estar da hostellerie.
Eu amei as franjinhas desse abajur, que estava entre rosa e lilás. Mega perua, mas deu um tchan na sala tradicional!
E a vista do sofá: achei mega poético a poltrona, o abajur, e o jardim na penumbra... Entao, click!
E, enquanto eu clicava o meu lugarzinho-poesia, namorido registrava os garcons na velocidade da luz :o)
E viva a Bélgica!
A propósito, nao falei, mas o vinho a gente fez algo que eu achei super prático. Eu queria tomar só uma taca para acompanhar a comida, namorido estava dirigindo. Entao pedi para o garcom se podíamos escolher uma garrafa, beber só dois copos, e levar a garrafa conosco no final. Primeiro eu pensei em nem pedir, porque se a garrafa está só pela metade é óbvio (pelo menos assim espero) que nós iríamos levá-la. Mas como eu nao tinha certeza, e como nao queríamos que o garcom tentasse encher os nossos copos cada vez que estivesse quase vazio, perguntei. E ele disse que 'claro, sem problema nenhum'. Entao, depois do jantar, ganhamos a garrafa com rolha numa sacolinha, além de um monte de prospectos do hotel e da regiao. Achei super simpático :o)
Hostellerie Lafarque (chef Samuel Blanc - uma estrela Michelin, três pontos 'restaurante com charme')